segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

"Embora quem quase morreu esteja vivo, quem quase vive já morreu..."

  "Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são." Sarah Westphal
  Você entra no palco e atua. Representa bem o papel que escolheu, que te deram, que a vida fez sobrar para você. Fazer o que? No fundo você não entende o que te prende, o que te faz estar ali... você só precisa continuar, até que o cenário se altere, a cortina se feche ou os aplausos deixem de existir. Então você volta para a caixa e espera outra peça.
  E porque você não foge? Simples! Esse mundo encantado é muito mais interessante. A verdade é que você gosta de estar ali, mesmo sabendo que não combina com nada em que acredite.
  É bem mais interessante fazer o que todo mundo faz. Agir como os outros esperam. Não decepcionar ninguém.  Afinal o que importa os seus desejos? Ter que dar explicações exige muito trabalho. Melhor deixar pra lá. No final você se consola pensando que não há escolha.
  Você paga mais caro, recebe menos, cobra pouco das pessoas, aceita situações complexas, porque no fundo é isso que você acha que merece, não há escolha.
  E quem quer ser causador de discórdia quando se ganha muito mais seguindo o fluxo?
  Então vai lá. Compre a idéia. Decore o texto e tente me convencer. Mergulhe no seu persongem tão fundo a ponto de não voltar à margem. Acredite que isso é a realidade. Pronto! Você faz parte da equipe.
  Mas você é o que é. Uma marionete, fazendo demonstrações de qualidades, força, poder... depois da atuação, e até um segundo antes de entrar em cena, você é um fantoche preso, quieto, contido, vivendo seu próprio papel, o de não ser importante fora de cena.
  Ninguém quer saber quem você é. Porque na verdade você não é ninguém. E alguém é?
  Fora o jogo de intriga e vaidade o que sobra da gente? Quem sobra? E sobra?
  Claro que sobra! Uma pancada de ilusão colorida, um vazio no peito, um frio na barriga, a vontade de mudar... mas o que?
  Nada não. Aceita sua impotência. Aceita o seu destino. Repete em voz alta que isso não pode mudar.
  E não muda não... fica assim. Simplesmente porque, alguma vez, tentou e não conseguiu.
  E não se abre não. Amigos não existem, não se ilude não! Paga a conta do analista e fica quieto.
  Viver custa caro. Quem liga? Atuar rende uma bela grana, alguns fãs... e??? Tenta de novo... e ???
  Muita pena dessa gente. Muita pena de mim que gostava tanto de teatro ... Muita pena de você... leu tudo e não entendeu nada...