Sobre a autora

 
  Eu nunca soube o que eu ia ser quando crescesse. Acho que nem na mais remota hipótese eu sonhei em ser Engenheira (eu sempre destestei cálculo).
  Eu colecionava papéis de carta, tinha vários cadernos de versos, adorava montar peças de teatro... mas aprendi muito cedo que isso não dava dinheiro e nem credibilidade, então a arte foi ficando como hobby na minha vida.
  Comecei a trabalhar com 16 anos num silk, lá eu fazia faxina, café, atendia o telefone, clientes, anotava pedidos, enfim... eu tinha um salário. Eu nunca deixei de estudar. Lembro que quando formei no científico uma pedagoga da escola disse que a gente não precisava de formatura pois não estava formando em nada (muito amargo da parte dela, na época fiquei muito magoada, mas transformei essa crítica em algo positivo que me fez desejar fazer outras coisas).
  Com 21 eu já tinha trabalhado como telefonista, recepcionista de cursinho, representante de vendas de material elétrico, caixa de um estacionamento onde trabalhei um período à noite (fora o adicional noturno ganhei uma gastrite pela má alimentação e stress) e telefonista novamente... kkk
  Em 2006 me formei em curso técnico de segurança do trabalho (uma amiga tinha começado... era de graça... eu tentei a prova e passei). Nessa época eu estudava escondido no trabalho, quase tive uma coisa no pescoço... rs. Abria a gaveta para ler e fechava quando tinha alguém.  Acho que foi ai que minha carreira realmente começou. Eu trabalhei como estagiária e depois como técnica de segurança em uma obra, depois fui parar no escritório, depois na oficina central da empresa e novamente no escritório. Por causa da minha ex chefe e sua falação na minha cabeça nessa época eu começei a fazer engenharia (obrigada amiga).
  Eu que sempre corri dos números, me empolguei quando passei em segundo lugar no vestibular (depois de me considerar fracassada por não passar na segunda etapa de dois vestibulares da federal) e me deixei levar pela Engenharia de Produção com promessa que essa é a engenharia que tem mais matérias de humanas (o que é verdade)... rs. Eu não sabia ainda como pagar, mas eu apertei o FODA-SE EU QUERO e fui (consegui bolsa de 100% depois)...rs. Teve os momentos difícéis... de cálculos, de ônibus, de trabalhos, provas... mas eu nunca fui a pior aluna, nem em cálculo, para minha surpresa tinha gente pior (que diferente de mim gostava de cálculo e achava que sabia).
  Eu me esforçava mais em cálculo por já ter birra com a matéria (depois do segundo cálculo eu já estava até gostando, passei com notão) e nas matérias teóricas eu me saia bem pela facilidade que eu tenho em escrever (diferente da maioria dos meus companheiros engenheiros).
  Eu descobri na Engenharia um campo muuuito além dos números. Eu troquei de setor na empresa, fui para o planejamento trabalhar como auxiliar de custos. Depois de formada me candidatei (literalmente) a vir para a África como engenheira.
   Sou Engenheira de Produção (9 meses de formada) e trabalho em uma empresa de construção pesada. Atualmente estou morando na Guiné Equatorial (ha 6 meses), África, onde a empresa tem obras viárias. Hoje eu sei que eu quero trabalhar com planejamento de obras. Sei que quero fazer uma pós-graduação em estradas (quando voltar ao Brasil) e quero fazer um MBA em planejamento. Essa não foi a vida que me deram, nem a que sonhei, mas foi o que em algum momento eu quis pra mim. Então me agarrei a esse desejo.
   Ainda quero pegar bastante experiência de campo e é por isso que eu estou aqui. Longe de tudo que eu amo temporariamente (meu namorado sempre me lembra que isso é provisório).
  Amante da arte desde criança, ainda conservo os livros de teatro e peças radiofônicas da época em  que meu pai apresentava teatro popular. Começei a escrever versos no ano de 2000. Em 2008 publiquei o livro "Versos de Silêncio" pela Editora Protexto. O livro foi a realização de um sonho antigo e a frustração de não vender muito (não pelo dinheiro, mas pelo reconhecimento). De qualquer forma, eu confesso ter faltado empenho de minha parte, pois por não viver disso e pertencer a um campo tão antagônico ao da poesia eu me envolvi pouco nesse processo. Mas sou feliz por ter compartilhado com algumas pessoas essa minha viagem interna que retorna em linhas para dividir experiências e sentimentos que não se pode definir... nem pela poesia.
  Apesar de todos os desafios cotidianos, a escrita, até mais que a poesia, sempre esteve presente em minha vida, mesmo que não documentada. Hoje escrevo mais no blog, a falta de métrica e de sentido ritmico me deixa um pouco mais livre e os textos são uma forma de desabafar, questionar e me reposicionar. Além de manter meus amigos e família mais próximos da minha realidade e meu cotidiano.
 Já realizei muitos sonhos... entretanto ainda falta muito. Acho que uma pessoa com essa alma tão questionadora e inquieta só se sente plena por alguns instantes, depois volta a buscar desafios. E são eles que nos trazem para tão longe e nos fazem voltar. Secretamente, tenho muito orgulho de mim.
  A vida nem sempre foi tão bonita e cheia de perspectivas quanto agora. Mas isso já faz tanto tempo... rs.
  Agora estou olhando para frente.