domingo, 28 de novembro de 2010

Pula!!! Pula!!!

Eu estou no beiral do edifício mais alto que existe me preparando para pular.


Esperando só uma pergunta mágica, que para ele não muda nada e que para mim representa muita coisa.

Ele está ganhando tempo. É difícil pra ele perguntar, as palavras não saem, ele ainda não se sente preparado para uma pergunta tão definitiva, tão forte...

Mas é difícil pular também... eu nunca vou saber qual é a hora certa, se eu vou voar ou se eu vou me machucar...

Ele não pergunta, eu não pulo... mas tem o lado bom, a gente vai ganhando tempo, a vida vai trabalhando... talvez ele nunca pergunte, talvez eu nunca pule desse prédio, talvez um dia a gente se sinta preparado, ou talvez a gente se prepare para encarar o que a gente não conhece e tope enfrentar esse desconhecido. Quem sabe a gente pule de mãos dadas sem niguém perguntar nada?

Um mês sem postar nada... o silêncio diz muita coisa...

Há dias tento escrever. Mas tudo que eu consigo é enumerar reclamações, dizer o quanto as coisas não acontecem no tempo certo e na hora certa, o quanto as pessoas são invejosas e maledicentes e o quanto esse dia a dia tem sido maçante. E a verdade é que, eu não sei você, mas eu cansei disso.


Eu fiz muitas coisa para conseguir vir para cá, envolvi muita gente nisso e é verdade que o início é bem complicado e nada do que a gente havia pintado. O mais fácil é desistir, falar que não deu conta, que as coisas não são o que a gente esperava, que a vida é injusta, que o tratamento entre as pessoas aqui é desigual, arrumar a mala e voltar.

Mas essa não sou eu. Eu sou a mulher que está criando perspectivas melhores, está realizando o sonho de morar fora, que está ampliando o CV, que está estacionado suas decisões pessoais por dois anos para dar um salto na profissional, que está aprendendo muito sobre si mesma, que está conhecendo melhor o comportamento das pessoas e descobrindo coisas dolorosas, porém úteis. Eu batalhei para estar aqui. Nunca aceitei migalhas da vida, nunca fui conformada com a minha realidade eu sempre trabalhei muito para fugir dela e sempre deu certo.

Mas hoje não dá mais... uma hora a gente descobre que é assim e ponto. Então você pode viver planejando, se agarrar aos sonhos e viver por isso, esquecendo o presente, o que eu sempre fiz na vida, e que sou muito grata por me trazer até aqui. Ou você pode olhar para o que você está vivendo, continuar com sonhos é claro, trabalhar para que eles aconteçam é claro, mas viver o presente, mais consciente do que não se muda logo e relaxar um pouco.

Hoje eu sou esta mulher, que ama sua profissão, e está longe de tudo que é importante pra ela por causa disso. Que ama um homem com quem ela deseja ter uma vida em comum, mas que sabe que muitas outras coisas tem que ser conquistadas antes disso. Que quer ficar aqui até que se sinta tão forte e independente que possa viver melhor consigo e os outros. Essa sou eu. Cheia de sonhos. Com receio que nada se cumpra. Com a certeza que Deus quer o melhor para mim e que deixar a vida trabalhar às vezes não faz mal. Ter paciência com o tempo, tê-lo como amigo, é o melhor que podemos fazer ao nosso coração.

Se no final tudo for diferente do que a gente imaginou ainda vamos agradecer pela vida ter mais sabedoria que os nossos caprichos.

Obrigada à todas as pessoas que fizeram com que eu enxergasse que o que eu julgava que eram migalhas na verdade são o sustento , representam tudo que eu preciso agora. Acho que foi a melhor lição do mês. Desejar mais do que eu tenho hoje, mas estar em paz com o que é dado hoje, por que isso hoje, é tudo que eu preciso. Na hora certa a mudança vem.

Que você também não alimente seus sonhos com aflição e os torne pesados de carregar. Esteja também em paz com o que te sustenta hoje, pode não ser a sua meta de futuro, mas é o que vai garantir que você se mantenha aonde deseja chegar.

Boa sorte para todos nós.